sexta-feira, 8 de julho de 2016

FELICIDADE INCURÁVEL
Minha felicidade é incurável, guardo em mim e nos outros, nunca está reunida em um único lugar.
Minha felicidade é incurável. Nem a tristeza levou. Nem a morte dos mais próximos. Nem a perda da pessoa amada.
Minha felicidade contraria diagnósticos e medos, supera fobias e traumas.
Minha felicidade é imbatível. Não se acanha com a gripe ou a enxaqueca. Não se diminui perante o pessimismo dos outros. Possui anticorpos de leveza para se prevenir do contágio da ingratidão. Recusa a chantagem do ressentimento.
Sou feliz por ninharia. Sou feliz por muito pouco - só será pouco para quem não valoriza o simples.
Minha risada é insistente e imprevisível, absolutamente mal-educada: interrompe o choro, o bocejo, o soluço.
A alegria não vem, já estava me esperando: na carona de um som familiar ou de um cheiro da infância, surgindo de uma lembrança ou de uma fantasia. Existe comigo ou apesar de mim, sozinho ou acompanhado. Porque, se tudo der errado, ainda estou vivo e tenho a chance de fazer diferente.
Sou feliz por aquilo que foi e me amadureceu, por aquilo que é e sustenta a minha vontade, por aquilo que será e me mantém curioso.
Sou feliz atento, sou feliz distraído, sou feliz cedo, sou feliz tarde, sou feliz por arrumar a cama ajudado pelas mãos do sol. Feliz como se houvesse uma música que sempre gosto de ouvir tocando em meu sangue. Há em mim esperança mais do que expectativas, contentamento mesmo quando reina o silêncio.
Sou feliz pois o sofrimento cansa e reclamar somente atrai os chatos.
Sou feliz por uma questão de justiça pessoal. Nada adoece a minha felicidade. Não fiquei amargo com o tempo, fiquei apenas mais puro: bebo a vida sem açúcar.
( Fabricio Carpinejar)

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