quinta-feira, 16 de outubro de 2014

" Quando um pássaro se cala, nunca o faz por acaso, fá-lo por necessidade
e por estratégia. O silêncio é de ouro quando o canto é mortal. O silêncio
é para o pássaro como a jangada para o náufrago. Quer dizer sobrevivência. É também por isso que digo ter desenvolvido a técnica dos pássaros. Cantar para dentro, nas paisagens da alma, sobre os mais altos ramos da solidão, é às vezes coisa boa e coisa delicada. E assim, escuto esse canto de mim, essa forma de construir momentos de felicidade como se constrói um ninho, imprescindível mas por pouco tempo. O necessário apenas para ensinar a voar os pensamentos."

Joaquim Pessoa



Antes de amar outra pessoa é preciso amar a si mesmo.
É preciso olhar para dentro da sua alma e cumprir a ti mesmo as suas exigências e necessidades. Tenha amor, seja amor. Não espere que alguém venha suprir o que nem mesmo você não descobriu de ti. Abra os olhos para o novo, sinta o inesperado acontecendo , ele sempre chega e sorria toda a vez que o destino quiser bater um papo contigo. Não reclame de falta de sorte, mas se preocupe em se conhecer. Se ame primeiro , e será amado depois. Não provoque o entusiasmo sabendo que você não será capaz de aguentar o que virá depois. A conquista é boa, prazerosa, instigante, penetrante, te deixa em êxtase, mas dar a continuação é o grande desafio. Se prepare antes, não tente fazer tudo ao mesmo tempo. o Amor precisa de atenção e de muita dedicação, você precisa ter tempo para amar.
Thaís Fernanda


A Morte Devagar


Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja quem não lê quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.
Martha Medeiros